Quando criou a Cloud9 Capital, gestora de venture que tem como sócios Noah Stern e Rafael Serson, Felipe Affonso queria resolver duas dores do mercado de empreendedorismo.
Affonso conhecia bons empreendedores, mas que tinham dificuldade de levantar capital pois não vestiam o figurino típico que atraía fundos de venture capital da Faria Lima, como formação em boas universidades americanas e inglês fluente.
No caso dos investidores, o problema era investir em uma boa ideia, mas que, dado a um problema crônico do mercado brasileiro, teria dificuldade, lá na frente, de ser vendido.
A solução foi buscar empreendedores raiz, que enfrentavam dificuldade de levantar dinheiro, mas tinham um bom negócio nas mãos, e apostar em software, dados e infraestrutura, áreas em que tradicionalmente têm tido saídas no Brasil.
“Somos um investidor de early growth. Somo uma mini-General Atlantic ou mini-Riverwood. Mini no sentido de pegar o estágio anterior dessa turma, mas com uma filosofia parecida”, diz Affonso, em entrevista ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que tem o apoio do Santander Select.
O jeito de investir da Cloud9 Capital, que tem R$ 500 milhões sob gestão, também foge de convencional. Na época da pandemia, Affonso observou as empresas que estavam conseguindo surfar as adversidades daquele tempo.
Em geral, elas tinham duas características. O faturamento tinha crescido de forma acelerada e, por consequência, o múltiplo que as avaliava também tinha “explodido.” Eram empresas de e-commerce ou que faziam tudo online, como o caso da Zoom.
“Eu pensei: e se fizer o contrário: investir naquelas cujo o faturamento está deprimindo e o múltiplo também. Esse empreendedor vai precisar de apoio”, afirma Affonso.
Pode parecer um contrassenso, mas foi dessa forma que a Cloud9 Capital, investiu na Zig e na Onfly. A primeira atua no setor de bares e restaurantes. E a segunda, com viagens corporativas. Ambas quase quebraram durante a pandemia e viram seus negócios desabarem por conta do fechamento da economia.
Em dezembro do ano passado, a Zig recebeu um aporte de R$ 155 milhões da Kaszek. E a Onfly voltou a “voar”. Na visão de Affonso, o dinheiro que aportou nas duas empresas foi fundamental para que elas pudessem se organizar e estar prontas para a retomada da economia.
“Quando a economia voltou, a Zig estava megaposicionada. Hoje, ela domina o mercado de entretenimento no Brasil e cresce na Europa e no México”, diz o fundador da Cloud9 Capital.
Por fugir do eixo Rio/SP, Affonso também investiu na Cilia, uma startup de Goiânia, que desenvolveu uma plataforma, baseada em inteligência artificial, que permite que seguradoras e oficinas mecânicas possam fazer orçamentos de sinistros com apenas uma foto.
Nesta entrevista que você assiste no vídeo acima, Affonso detalha a tese da Cloud9 Capital, fala sobre o tipo de empreendedor que gosta de investir e analisa o impacto da inteligência artificial.