O Departamento de Justiça dos EUA declarou que o Google pode ser obrigado a vender seu navegador Chrome como parte do processo judicial para corrigir o monopólio do mercado de buscas online.
Para as autoridades, a venda do Chrome serviria para “interromper permanentemente o controle do Google sobre esse ponto crítico de acesso às buscas e permitir que motores de busca concorrentes tenham acesso ao navegador, que para muitos usuários é uma porta de entrada para a internet”, de acordo com o documento judicial.
Na visão dos advogados do governo dos EUA, a concorrência só pode ser restaurada se o Google separar seu mecanismo de busca dos produtos que desenvolveu para acessar a internet, como o Chrome e o sistema operacional Android. Atualmente, o Chrome controla cerca de dois terços do mercado global de navegadores, de acordo com o site Statcounter.
No processo, a Justiça dos EUA também solicitou que o Google seja impedido de oferecer acesso preferencial ao seu mecanismo de busca em dispositivos que utilizam o sistema operacional Android. De acordo com o documento, caso o gigante de tecnologia não siga essa regra, ele pode ser obrigado também a vender o sistema operacional.
O Android é o sistema mais utilizado por smartphones em todo o mundo e abrange aparelhos de fabricantes como Samsung e Motorola, além dos próprios dispositivos Pixel do Google.
“A solução deve permitir e encorajar o desenvolvimento de um ecossistema de busca desimpedido que induza a entrada, a concorrência e a inovação, à medida que rivais disputam consumidores e anunciantes”, escreveu o Departamento de Justiça em conjunto com de duas dezenas de estados autores da ação.
Além de atingir as operações já existentes da companhia, o Departamento de Justiça tem o objetivo de afetar os negócios futuros do Google, pensando no seu desenvolvimento no mercado de inteligência artificial.
As autoridades do governo dos EUA querem que o tribunal obrigue o Google a permitir que editores de sites optem por não ter seus dados usados para treinar os modelos de IA da empresa. Como alternativa, a gigante de buscas teria que pagar aos editores pelo uso de seus dados.
Kent Walker, presidente de assuntos globais do Google, descreveu a solução sugerida pela Justiça como uma “proposta extremamente abrangente, que prejudicaria os americanos e a liderança tecnológica global dos EUA”, afirmou ao The Wall Street Journal. Ele disse ainda que o Google apresentará sua própria proposta ao tribunal em dezembro.
Cerca de metade das buscas feitas na internet nos Estados Unidos passa por produtos em que o Google pagou para se tornar o padrão, incluindo telefones com sistema Android, dispositivos Apple e navegadores como o Firefox, de acordo com o juiz distrital dos EUA Amit Mehta.
Além disso, outros 20% passam por navegadores Chrome baixados pelos próprios usuários, que têm o Google como mecanismo de busca padrão.
Esse domínio é responsável por grande parte da receita da Alphabet, controladora do maior buscador do mundo. Em 2023, os anúncios que aparecem ao lado dos resultados de busca representaram 57% dos US$ 307 bilhões em receita da companhia como um todo.