A corretora de seguros Alper começou o ano com apetite por M&As. A companhia decidiu separar R$ 400 milhões para comprar até oito empresas do setor, dependendo do tamanho da corretora. É pouco mais que o dobro dos R$ 180 milhões gastos pela empresa no ano passado.
No apagar das luzes de 2024, a companhia adquiriu a corretora De Caprio, de Santos, cidade no litoral de São Paulo, especializada em seguros de cargas – justamente uma área com grande movimentação de mercadorias no maior porto da América Latina. Somente na área de cargas seguradas, a Alper planeja emitir R$ 500 milhões em prêmios.
Com 40 anos de mercado, a De Caprio emitiu, nos últimos 12 meses, cerca de R$ 70 milhões em prêmios, com 96% relacionados ao setor de transportes. O histórico da empresa soma mais de 25 mil faturas emitidas e 13 milhões de indenizações. Com isso, o segmento de cargas, que representava 15% da receita da Alper, saltou para 20%.
A corretora do litoral paulista foi a terceira aquisição da Alper em 2024. Antes dela, já haviam sido compradas a catarinense Fracel Corretora de Seguros (focada em agronegócios) e a Togni Consultores Associados e Corretora de Seguros, de Minas Gerais (riscos corporativos).
Para manter esse ritmo de compras, a Alper trabalha com uma margem de 20 a 30 negociações de possíveis negócios sempre em andamento. Em 2025, esse número deve subir para 30 a 40.
“Nós vamos intensificar esse caminho. Nossa estratégia é comprar corretoras especialistas e não generalistas, pequenas e médias. Com isso, nos tornamos uma empresa completa, com todas as opções para oferecer”, diz Marcos Couto, CEO da Alper, ao NeoFeed.
Segundo o executivo, a corretora planeja, com este modelo, alcançar R$ 5 bilhões em prêmios em 2025, o que irá representar uma alta de 21% sobre o volume de 2024, que foi de R$ 4,1 bilhões.
Para manter esse ritmo de compras, a Alper trabalha com uma margem de 20 a 30 negociações de possíveis negócios sempre em andamento. Em 2025, esse número deve subir para 30 a 40.
A única condição da Alper para a compra de uma corretora é que ela tenha um desempenho anual de pelo menos R$ 8 milhões em faturamento.
A Alper, que nasceu em 2010 como BR Insurance e a consolidação de 27 corretoras, cresceu por meio de fusões e aquisições. Ao todo, a companhia realizou 70 aquisições. A empresa, que chegou a valer cerca de R$ 2 bilhões na sua abertura de capital, passou por uma grave crise em 2015, quando perdeu cerca de 90% do seu valor.
No quarto trimestre de 2023, a gestora de private equity Warburg Pincus fez uma oferta de R$ 850 milhões para fechar o capital da Alper. O processo foi encerrado no ano passado.
A Warbus Pincus, que detém US$ 80 bilhões sob gestão no mundo, é dono de 80% da Alper. Os 20% restantes estão divididos entre a gestora de investimentos Axxon Group, o vice-presidente André Martins e o CEO Marcos Couto.
Couto, que assumiu a liderança da corretora de seguros em dezembro de 2017, participou da reestruturação da companhia e do processo de mudança da marca BR Insurance para Alper. Nesse período, ele realizou 21 negócios de compra.
Pelo modelo de aquisição, a Alper adquire 100% da participação acionária da corretora e mantém executivos que já lideravam as empresas para seguir na operação.
“Em até seis meses, elas passam a usar a bandeira Alper, mantendo uma mesma marca, cultura e modelo de negócio”, diz Couto. “Para nós, não importa só comprar. Nosso trabalho também é de integrar e incorporar.”
A estratégia de Couto tem sido ampliar a presença da companhia nos mais diversos segmentos de seguros. “Antes da minha chegada, a Alper estava se tornando uma empresa especializada na área de benefícios, que representava 75% da receita. E minha principal ação foi buscar uma diversificação completa”, explica Couto.
Hoje o setor de benefícios representa 44,4% do total da receita, seguido por seguros de cargas (com a nova participação de 20%), seguros corporativos (16,7%) e seguros individuais (9,7%). O agro corresponde a 6,7% do volume de prêmios da corretora.
Para Couto, o mercado de seguros poderia estar surfando ainda melhor no País se o cenário econômico fosse mais favorável. “É um mercado que ainda conta com muita demanda de contratação, apesar de a economia não estar ajudando muito”, afirma ele. “E pela nossa estratégia agressiva, também orgânica, vamos seguir evoluindo. Não dá para uma empresa não se preocupar com seu patrimônio.”