Amazon abre os cofres e busca uma “OpenAI” para chamar de sua

Amazon abre os cofres e busca uma “OpenAI” para chamar de sua


Um investimento de quase US$ 14 bilhões na OpenAI, a dona do ChatGPT, foi o passaporte para que a Microsoft ganhasse tração na arena da inteligência artificial generativa e, na visão de parte do mercado, largasse na frente de seus principais concorrentes nessa corrida.

Agora, quem parece disposta a usar essa mesma tática é a Amazon. A procura de uma “OpenAI” para chamar de sua, a gigante americana fundada por Jeff Bezos está planejando reforçar seus laços com a californiana Anthropic, uma das principais rivais da investida da Microsoft.

A Amazon está em negociações para um investimento bilionário na Anthropic, de acordo com o portal americano The Information. Esse seria o segundo aporte da companhia na startup, após uma rodada inicial de US$ 4 bilhões, fechada no fim de 2023.

Há uma condição, porém, para a assinatura desse novo cheque, segundo pessoas familiarizadas com essas conversas. A Amazon pretende que a Anthropic use um bom número de servidores alimentados por sua linha própria de chips para IA generativa, baseada nos modelos Trainium e Inferentia.

A startup já usa os serviços de nuvem da Amazon, ofertados via Amazon Web Services (AWS). Mas existe um impeditivo para estreitar esses laços, já que, no caso dos chips, a Anthropic prefere recorrer aos processadores projetados pela Nvidia, outra protagonista da IA generativa.

O tamanho do novo aporte vai depender justamente da discussão envolvendo o número de chips da Amazon que a Anthropic concordar em adotar, segundo as fontes a par das negociações, que não detalharam o estágio dessas conversas.

Esse “debate” é mais um exemplo das alianças entre grandes provedores de nuvem e desenvolvedores de IA generativa. Acordos nesses moldes têm sido impulsionados em função do alto custo e da complexidade de produção dessa tecnologia.

A parceria entre a Microsoft e a OpenAI, por exemplo, foi positiva para ambas as empresas. Entretanto, mais recentemente, a startup comandada por Sam Altman tem se queixado pelo fato de não estar obtendo servidores suficientes da gigante de Redmond.

Ao mesmo tempo, no fim de 2023, a Microsoft também lançou seu próprio chip dedicado à IA generativa e espera que a OpenAI adote o processador. O problema é que a parceira, que também está desenvolvendo seu chip, não teria mostrado interesse em estender o vínculo a esse nível.

No caso da Anthropic, mudar para o novo chip pode ser tecnicamente desafiador, pois o software da Amazon que os desenvolvedores devem usar com os processadores da empresa não é tão maduro quanto o Cuda, sistema da Nvidia.

Um movimento nessa direção também poderia dificultar o caminho para que a startup recorresse a outros provedores de infraestrutura de nuvem ou alugasse seus próprios data centers no futuro, já que a Amazon não dá acesso ao seu chip para instalações administradas por outras empresas.

Atualmente, a Anthropic também mantém uma parceria de uso de infraestrutura de nuvem, em menor escala, com o Google, outra big tech que investiu na empresa. Mas a companhia da Alphabet também tem vendido sua própria IA, batizada de Gemini, e não é tão dependente da startup como a Amazon.

Além desse vínculo mais forte, a Amazon tem outra boa razão para insistir que sua investida use seus chips. Com essa estratégia, a empresa pode reduzir o número de processadores que precisa comprar da Nvidia por meio da AWS.

Até o momento, o relacionamento entre a Amazon e a Anthropic tem se mostrado mais próximo, na prática, na Bedrock, plataforma lançada em setembro de 2023 pela AWS e que oferece tanto modelos de IA generativa próprios como de terceiros. Entre eles, os da startup californiana.

A Anthropic já levantou US$ 9,7 bilhões em dez rodadas e vem buscando uma nova captação, que avaliaria sua operação entre US$ 30 bilhões e US$ 40 bilhões. Qualquer aporte da Amazon poderia vir na forma de notas conversíveis em ações após a startup atrair recursos de outros investidores.

O fato é que, à parte dessas cifras, a OpenAI tem uma posição financeira mais forte. A startup gera de quatro a cinco vezes mais receita do que a Anthropic e paga uma porcentagem menor à Microsoft, sua provedora exclusiva de nuvem, contra a faixa de 25% a 50% paga por sua rival aos parceiros.

Em contrapartida, a capacidade da Anthropic de usar dois grandes provedores diferentes de nuvem pode ser uma vantagem nessa competição, dado que a OpenAI vem se mostrando frustrada com a Microsoft e tem buscado alternativas em empresas como a Oracle.



Fonte: Neofeed

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