A Boa Vista Equifax está sob novo comando, pouco mais de um ano após a conclusão da combinação de negócios. Desde segunda-feira, 25 de novembro, a unidade brasileira está sob a direção de Henrique Freire de Moraes, que foi presidente da Sem Parar Empresas, unidade de negócio do Grupo Corpay, de pagamentos empresariais, por mais de quatro anos.
Ele assumiu no lugar de Marcio Fabbris, que deixou a companhia em setembro, depois de 19 meses no cargo. O NeoFeed revelou que Fabbris foi escolhido para comandar uma nova empresa sendo criada pela V.tal para a operação dos clientes de banda larga adquiridos da Oi.
Moraes assumiu o cargo com a missão de dar continuidade ao trabalho iniciado pelo seu antecessor, de crescer no mercado local de informação de dados para crédito, cujo potencial é projetado pela Equifax em mais de US$ 2 bilhões e no qual estima deter uma participação próxima de 20%.
“Quando olhamos para todos os mercados em que a Equifax atua, competimos com empresas globais que estão no Brasil, e em todos esses mercados a gente compete tête-à-tête, sendo líderes em muitos deles”, diz Moraes, ao NeoFeed. “No Brasil, ainda não temos esse fair share, então tem uma expectativa e compromisso de estarmos posicionados de uma forma parecida com o resto do mundo.”
Com a integração dos sistemas da Equifax e da Boa Vista concluída, o foco é ganhar novos mercados. A empresa quer avançar sobre empresas de menor porte e fora das capitais, que não têm capacidade de realizar análises de crédito.
A Equifax Boa Vista deu a largada nessa estratégia trazendo para o Brasil um motor de decisão para concessão de crédito chamado InterConnect. A empresa fez o lançamento comercial do produto no começo deste quarto trimestre.
A empresa também promoveu uma reestruturação das áreas de negócios, criando uma vice-presidência comercial voltada para pequenas e médias empresas e outra para lidar com as maiores companhias. E dentro da área de produtos, a companhia estruturou um time específico para desenvolver soluções para as pequenas e médias empresas.
Junto com novos produtos e nova estrutura, a Equifax Boa Vista também conta com parcerias com mais de 1 mil associações comerciais pelo País, com destaque para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), uma vantagem competitiva em termos de dados e também para alcançar o público fora das capitais e grandes cidades.
As parcerias também fortalecem o poder analítico das plataformas da Equifax. Criada há mais de 60 anos como SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), a Boa Vista conta com uma base de dados de 282 milhões de CPFs e CNPJs e mais de 141 bilhões de ocorrências registradas em base negativa e positiva.
“A Boa Vista tem esse flavour local, de trabalhar os dados do varejo, parcerias com associações comerciais, que oferecem esses dados e capilaridade para acessar pequenas e médias empresas”, diz Moraes.
Apesar da intenção de ganhar terreno entre pequenas e médias empresas, a Equifax não pretende abrir mão do público que a Boa Vista conquistou, além de ir em busca de outros grandes nomes, expandindo o share entre as plataformas que essas empresas utilizam para análises.
Para esse público, a companhia planeja “importar” uma plataforma chamada Ignite, que permite desenvolver modelos de crédito a partir dos dados da Boa Vista e os próprios, com uso em escala. Essa ferramenta está prevista para chegar ao Brasil no primeiro semestre de 2025.
“Já tínhamos relação com todos os grandes bancos, as grandes empresas de utilities, mas agora elas passam a ver a Equifax Boa Vista como um player global, com as capacidades necessárias para co criar com eles soluções”, diz Moraes.
Por ser uma companhia listada nos Estados Unidos, a Equifax está limitada em informar guidances sobre quanto quer atingir de market share e a participação da operação brasileira em seu faturamento global. Mas o País vem ganhando relevância.
No terceiro trimestre, a receita da Equifax com suas operações internacionais totalizou US$ 344,9 milhões (pouco mais de R$ 1,9 bilhão), alta de 9% em base anual. O faturamento na América Latina, em que o Brasil possui um peso relevante, foi o maior entre os mercados globais em que a companhia atua, somando US$ 96,7 milhões (superior a R$ 562 milhões), aumento de 21%. A receita consolidada da Equifax alcançou US$ 1,4 bilhão, aumento de 9%.
Com o reforço da Equifax, a expectativa é de que a operação, hoje na segunda posição no mercado, possa começar a reduzir a sua diferença em relação à Serasa Experian. Até então, a Boa Vista enfrentava dificuldades nessa disputa, dado o apoio que a concorrente tinha do grupo irlandês Experian, que comprou o controle da Serasa, em 2007, por cerca de R$ 2,3 bilhões.
“O que a Equifax traz são as capacidades globais de inovação, investimento, segurança, serviços em nuvem, uma série de capacidades que a Boa Vista, sozinha, não tinha”, diz Moraes.
“Esperamos crescer muito nos próximos anos, baseado num tripé de serviços em nuvem, com muita inovação e segurança da informação, dos serviços que a gente proporciona aos clientes”, complementa.