Quando a fintech Trademaster foi criada, há quase 10 anos, o objetivo era ir além dos financiamentos tradicionais para pequenos e médios varejistas. A ideia era ter soluções financeiras diferentes e facilitar a venda das grandes indústrias – principalmente na flexibilidade de prazos. E foi isso que chamou a atenção de BV e Sofisa para se tornarem investidores.
Se hoje a fintech faz cerca de 270 mil operações mensais, a criação de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) de R$ 150 milhões permitirá a ela expandir o seu “poder de fogo” na hora de dar crédito e aumentar prazos aos seus clientes. Até o fim de 2024, a projeção é antecipar 500 mil operações de crédito.
“A nossa estratégia com o FIDC é diversificar as fontes de funding da companhia e, para isso, nós precisávamos de um instrumento que fosse compatível com a nossa necessidade de crédito”, afirma Francisco Pereira, cofundador e CEO da Trademaster, ao NeoFeed.
Desenvolvido pela securitizadora Opea e integrado à plataforma da Trademaster, o grande diferencial desse fundo é a plataforma desenvolvida para a aquisição, operacionalização e monitoramento dos recebíveis.
“Com milhares de créditos sendo cedidos diariamente, a plataforma processa a esteira completa, desde a aquisição até o pagamento da cessão de maneira integrada à Trademaster”, afirma Helder Antoniazzi, head comercial de crédito estruturado na Opea complementa.
Segundo Pereira, para atender 200 indústrias e distribuidores conveniados e mais de 1 milhão de varejistas cadastrados na plataforma, é preciso ter um processo “redondo”, para que nenhuma ponta sofra impactos operacionais negativos ao longo da busca pelo crédito.
Para atingir esses objetivos, a gestora buscou por poucos investidores para o FIDC, dando destaque a um âncora, que fosse próximo da companhia e entendesse as suas demandas. A empresa não divulgou informações sobre os investidores. Mesmo com essas exigências, o FDIC da Opea-Trademaster conseguiu “fechar” o valor total em três dias.
Agora, após a primeira captação, a Opea está à procura de novos investidores que tenham conhecimento do segmento de crédito. O FIDC atual é fechado.
Desde 2015, a Trademaster já transacionou mais de R$ 35 bilhões utilizando inteligência artificial e machine learning para fornecer serviços às empresas que atende. A companhia também é responsável pelo desenvolvimento de modelos proprietários de crédito.
O modelo de captação escolhido pela Trademaster, o FIDC, conquistou o mercado de capitais em 2024. Com um patrimônio líquido de R$ 611 bilhões, os FIDCs saltaram mais de 50% apenas neste ano. A forte expansão vem na esteira de uma regulação mais clara da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que deve trazer ainda mais crescimento para o mercado.
“Os recebíveis comerciais, categoria na qual a Trademaster sem encaixa, representa quase 40% da indústria inteira de FIDCs, o que faz com que esse negócio se torne ainda mais relevante”, afirma Antoniazzi.