Fundo de hedge dá “cavalo de pau” por controle da Nissan (e ação engata forte alta)

Fundo de hedge dá “cavalo de pau” por controle da Nissan (e ação engata forte alta)


As ações da Nissan chegaram a subir 20% na Bolsa de Tóquio na terça-feira, 12 de novembro, depois da revelação de que um fundo administrado pelo investidor ativista Effissimo Capital adquiriu 2,5% do capital acionário da montadora japonesa, que está mergulhada numa crise financeira, em setembro. O papel fechou o pregão em alta de 12,8%.

Com sede em Cingapura, o fundo de hedge Effissimo (administrado por gestores japoneses) é conhecido por comprar empresas em dificuldades e por suas campanhas agressivas de alocação de capital em gigantes corporativos do Japão, incluindo a Toshiba e a empresa de transportes Kawasaki Kisen.

A entrada em cena do fundo Effissimo veio à tona durante a apresentação de resultados semestrais da Nissan, quando foi divulgado que a Suntera, com sede nas Ilhas Cayman, comprou 2,5% das ações da montadora japonesa no final de setembro. A Suntera foi listada em 2021 como administradora do ECM Master Fund, que por sua vez é gerido pelo Effissimo.

A Nissan não confirmou se a aquisição foi feita pelo Effissimo, mas disse que “aprecia todos os acionistas novos e existentes que apoiam e acreditam no potencial futuro da Nissan”. O fundo de hedge não se manifestou sobre a operação.

Parte do rali com as ações da Nissan, que fecharam em alta de 12% em Tóquio, se deve à possibilidade de a montadora ser alvo de uma aquisição ou desencadear uma mudança mais ampla na indústria automóvel japonesa.

Terceira maior montadora do Japão e avaliada em 1,54 trilhão de ienes (US$ 10 bilhões), a Nissan mergulhou em uma crise ao enfrentar a concorrência brutal dos rivais chineses de carros elétricos liderados pela BYD.

A montadora japonesa anunciou na semana passada um plano para cortar 9.000 empregos e 20% de sua capacidade de produção global em meio a uma queda nas vendas na China e nos Estados Unidos, além de se desfazer dos 10% da participação que mantinha da Mitsubishi Motors e cortar parte do salário do presidente-executivo, Makoto Uchida.

Tudo isso num contexto de redução de lucro anual de 70%, o que levou as ações da empresa a atingirem na sexta-feira, 8 de novembro, o preço mais baixo em quatro anos.

Depois que sua aliança com a francesa Renault começou a trazer poucos resultados, a Nissan estabeleceu recentemente uma parceria com a Honda para sobreviver à crescente concorrência com os rivais chineses.

Prenúncio de remodelação

O ativismo dos acionistas ganhou força no Japão, onde os investidores nacionais e internacionais exigem que as empresas melhorem a governança corporativa e a alocação de capital a um ritmo recorde.

A Effissimo e Suntera trabalharam na aquisição da Toshiba, em 2021, que culminou na demissão do CEO da fabricante de eletrônicos e marcou um momento marcante para a responsabilidade corporativa no Japão.

Embora seus estilos sejam diferentes, Effissimo e Suntera foram fundadas pelos discípulos do gestor de fundos Yoshiaki Murakami, o pai dos ativistas que investem no Japão.

A imprensa japonesa especula que a entrada da participação da Effissimo na Nissan seja o prenúncio de uma grande remodelação na montadora japonesa.

Na teleconferência de resultados da empresa, na semana passada, o CEO Uchida disse que a Nissan foi atingida pela forte concorrência na China e pela falta de um modelo híbrido forte para o mercado dos EUA.

“O maior problema é a nossa incapacidade de cumprir os planos de vendas dos últimos anos”, disse Uchida, num mea-culpa que expôs o momento delicado da montadora. “Outro grande desafio é a nossa incapacidade de entregar os produtos certos que atendam às necessidades dos clientes em tempo hábil.”



Fonte: Neofeed

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