Goldman Sachs calcula o impacto das tarifas de Trump na economia dos EUA

Goldman Sachs calcula o impacto das tarifas de Trump na economia dos EUA


Donald Trump retorna à Casa Branca em janeiro de 2025 sob grandes expectativas sobre a implementação das políticas prometidas durante a campanha. Uma das bandeiras que o elegeu é o endurecimento das relações comerciais com a China. Para isso, o futuro presidente dos Estados Unidos pretende dobrar a aposta feita ainda em seu primeiro mandato: aumentar as tarifas sobre importações chinesas.

A estratégia, segundo Trump, é fortalecer os produtores americanos contra os competidores chineses. No entanto, economistas temem que essa política gere efeitos negativos sobre a própria economia dos EUA.

Estimativas do Goldman Sachs indicam que as novas tarifas podem aumentar, em média, em 20 pontos percentuais as taxas sobre produtos importados da China. O impacto sobre o índice de Preços de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), principal referência de inflação do Federal Reserve, seria de 0,3%.

Os Estados Unidos são altamente dependentes da China para certos bens de consumo, como eletrônicos, que representam até 39% do valor atribuído a produtos chineses, além de roupas, calçados e eletrodomésticos.

Se as tarifas previstas forem totalmente repassadas, os preços de itens de origem chinesa podem aumentar entre 2% e 10%, segundo o Goldman Sachs. Contudo, o impacto médio nos preços ao consumidor, considerando produtos de todas as origens, seria mais modesto, variando de 1% a 2%.

No setor industrial, o aumento das tarifas sobre insumos importados poderia elevar os custos de produção entre 0,5% e 0,7%. “No entanto, algumas dessas indústrias possuem margens estreitas, e isso equivale a 10-30% do excedente operacional em setores como ferramentas de máquinas, carrocerias de automóveis, móveis e têxteis”, destaca o relatório.

A maior preocupação é em relação às potenciais retaliações da China e seus efeitos em setores-chave. No centro do debate estão as importações de grafite natural, terras raras e antimônio, matérias-primas essenciais para indústrias de automóveis, smartphones, hardware de computadores e tecnologias de defesa. Mais de 70% dessas importações americanas vêm da China, frente a cerca de 60% em 2017.

Recentemente, a China sinalizou retaliações ao anunciar que suspenderá a emissão de licenças para exportação de terras raras aos Estados Unidos.

O Brasil e o Vietnã, que poderiam servir como alternativas, possuem cerca de metade das reservas chinesas de terras raras, mas não estão explorando nem produzindo ativamente esses minerais, segundo o relatório.

A dependência dos EUA também cresceu em relação às baterias de armazenamento elétrico, com as importações da China saltando de cerca de 30% para 55% entre 2017 e 2024.

“Para muitos desses materiais, não é fácil substituí-los por alternativas nos processos industriais ou obtê-los em quantidade suficiente de outros países, já que a China continua sendo o maior produtor e exportador desses insumos”, afirma o relatório, assinado pela economista do Goldman Sachs Elsie Peng.



Fonte: Neofeed

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