IPO da Moove pode ser um “gatilho” para as ações da Cosan

IPO da Moove pode ser um “gatilho” para as ações da Cosan


Pouco mais de dois meses depois de registrar confidencialmente uma minuta na Securities and Exchange Commission (SEC), a Cosan oficializou a intenção de realizar uma oferta pública inicial de ações da Moove, sua empresa de lubrificantes, nos Estados Unidos.

O grupo protocolou o pedido de IPO da Moove junto à SEC nesta terça-feira, 17 de setembro. E, caso seja concretizada, essa será a primeira listagem realizada por uma companhia brasileira desde a abertura de capital do Nubank, em dezembro de 2021.

Mais do que simplesmente “reinaugurar” tal roteiro, a realização da oferta pode abrir caminho para turbinar os papéis e o valor de mercado da Cosan. Essa é a avaliação dos analistas do Bradesco BBI, em comentário enviado a clientes na manhã de hoje.

“Um IPO bem-sucedido da Moove nos Estados Unidos pode ser um gatilho material para as ações da Cosan, dado que uma oferta marcaria a mercado esse ativo que, atualmente, provavelmente está subvalorizado nos papéis do grupo”, escreveram os analistas Vicente Falanga e Gustavo Sadka.

Há um mês, em outro relatório que tomou como base a divulgação do balanço da Cosan, a dupla, com recomendação de compra para o papel, já havia introduzido o preço-alvo de R$ 23 para a ação em 2025, contra o patamar de R$ 27 para 2024.

Na ocasião, o banco observou que a atualização foi impulsionada principalmente pela constatação de um desconto de 29% no papel da Cosan, acima da média histórica de 20%, após a venda de uma fatia de 0,78% para a Vale, no fim de 2023.

Nesse contexto, os dois analistas partiram da estimativa de um desconto de 25%, contra os 10% estimados anteriormente para ilustrar que as ações da Moove e da Compass, empresa de gás e energia do grupo, estariam “profundamente” subvalorizadas atualmente.

“Portanto, acreditamos que há um potencial de valorização material a ser capturado nas ações da Cosan em eventos de liquidez como um IPO desses negócios”, ressaltou a dupla, em outro trecho do relatório divulgado na época.

Como parte desse exercício colocado em prática por seus analistas, o banco estimou o equity value da Moove em cerca de R$ 9 bilhões e o da Compass em aproximadamente R$ 20 bilhões. A Cosan detém uma fatia de 70% na Moove. A gestora CVC Capital Partners responde pelos 30% restantes.

No mesmo documento, o Bradesco BBI apontou que, impulsionado pela expansão constante da margem após as melhorias no mix de produtos da empresa, o Ebtida ajustado de R$ 351 milhões da Moove no segundo trimestre foi um dos destaques positivos no balanço da Cosan.

Já no prospecto que acompanhou o pedido de listagem feito nessa terça-feira, a Cosan informou que seguirá como controladora da Moove após o IPO e ressaltou que a empresa é uma das principais produtoras e distribuidoras de lubrificantes e óleos básicos da América do Sul, Europa e Estados Unidos.

Segundo o documento, a Moove vende lubrificantes para 10 países na América do Sul, América do Norte e Europa, além de exportar seus produtos para mais de 60 países no Velho Continente e na Ásia. No primeiro semestre de 2024, o principal mercado foi a América do Sul, com 47,3% da receita.

Entre janeiro e junho de 2024, a companhia reportou uma receita de R$ 5,02 bilhões, contra R$ 5,1 bilhões em igual período, um ano antes. Na mesma base de comparação, a empresa saiu de um prejuízo líquido de R$ 58,4 milhões para um lucro líquido de R$ 237,6 milhões.

A Cosan não divulgou, porém, o quanto pretende captar na oferta e o valuation buscado na operação. Na B3, as ações do grupo, avaliado em R$ 24,8 bilhões, registravam alta de 1,60% por volta das 13h20, cotadas a R$ 13,34. No ano, os papéis acumulam uma desvalorização de 31%.



Fonte: Neofeed

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