Ministério Público francês argumentou que Durov foi detido por conta de uma investigação sobre uma dezena de tópicos, incluindo cumplicidade na divulgação de imagens de pedofilia, fraude e tráfico de drogas
O Kremlin solicitou à França, nesta terça-feira (27), provas tão convincentes como as acusações apresentadas ontem contra o russo Pavel Durov, criador da rede de mensagens Telegram que foi detido no fim de semana em Paris. “As acusações apresentadas são de fato muito sérias e requerem provas sérias”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na sua entrevista coletiva telefônica diária. Caso contrário, acrescentou, “será uma tentativa direta de restringir a liberdade de comunicação e poderá até ser considerada uma intimidação direta ao chefe de uma grande empresa”. “Ou seja, será óbvio que é político, algo que ontem o sr. (presidente da França, Emmanuel) Macron negou”, destacou.
Peskov expressou sua confiança de que Durov possa se defender com a ajuda de seus advogados e admitiu que o fato de também possuir cidadania francesa dificulta uma possível assistência consular russa. O Ministério Público francês explicou ontem (27) que Durov foi detido por conta de uma investigação sobre uma dezena de acusações, incluindo cumplicidade na divulgação de imagens de pedofilia, fraude e tráfico de drogas. A lista de acusações contra Durov inclui cumplicidade na administração de uma plataforma online para permitir transações ilícitas por grupos criminosos organizados, recusa em cooperar com as autoridades compartilhando documentos ou informações necessárias para evitar atos ilegais e cumplicidade em fraudes e tráfico de drogas, segundo comunicado do MP.
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A acusação contra Durov tornou-se conhecida pouco após Macron ter se pronunciado sobre o caso para rejeitar categoricamente que a detenção fosse “uma decisão política”. Durov, de 39 anos, foi preso na noite da última sexta-feira (23) quando chegou ao aeroporto particular de Le Bourget, perto de Paris. Após a prisão, a rede de mensagens criptografadas publicou um comunicado no qual assegurava que a plataforma “cumpre as leis da União Europeia, incluindo a Lei de Serviços Digitais” e que “sua moderação está dentro dos padrões da indústria e está constantemente melhorando”. A prisão de Durov, que nasceu em São Petersburgo mas vive em Dubai desde 2017, causou uma onda de indignação entre deputados e senadores russos.
Os políticos, que até realizaram uma manifestação de protesto em frente à embaixada francesa em Moscou, alegam que Durov é perseguido por se recusar a subordinar-se aos ditames do Ocidente, como é o caso da Rússia. Por outro lado, a imprensa independente recorda que as autoridades russas aprovaram o bloqueio do Telegram em 2018, mas tiveram de desistir dois anos após devido à incapacidade técnica para restringir suas atividades. Eles também alegam que o Kremlin pressionou Durov a vender o Vkontakte, o Facebook russo, o que levou à fundação do Telegram em 2013 e ao seu posterior exílio.
*Com informações da EFE