A JHSF não vem economizando para consolidar outros negócios além da sua origem em incorporação. Com foco em operações de renda recorrente, o grupo centrado na alta renda já estendeu seus tentáculos a shoppings, hotelaria, gastronomia, aviação e até clubes de surf.
Tal mandato começou a ganhar mais tração no início deste ano. E, no terceiro trimestre de 2024, essa marcha se refletiu em uma maior aceleração dos investimentos, com a empresa aportando no período praticamente o mesmo valor que havia injetado na operação em todo o primeiro semestre.
“Fizemos um investimento de quase R$ 150 milhões no terceiro trimestre”, diz Augusto Martins, CEO da JHSF, ao NeoFeed. Com esse desembolso, no acumulado do ano, a companhia chegou a um capex total de R$ 314 milhões. E tem um pipeline robusto de entregas daqui para frente.
“Nós já começamos a colher bons resultados em receita recorrente”, afirma o executivo. “E acreditamos que esses investimentos serão revertidos em um incremento ainda maior da geração de caixa operacional desses negócios, à medida que eles forem crescendo e maturando.”
O maior destino foi o braço de shopping centers, que recebeu R$ 61 milhões. Esses recursos passaram pela inauguração, em setembro, da Casa Fasano, espaço para eventos que marcou a primeira fase do empreendimento da Usina São Paulo, na zona oeste de São Paulo.
Parte também foi aplicada em dois projetos a serem entregues no curto e no longo prazo. Previsto para abrir as portas no início de 2025, o primeiro é um shopping “a céu aberto” no Boa Vista Village Town Center, complexo do grupo em Porto Feliz (SP).
O segundo é o shopping Faria Lima, também na região oeste da capital paulista, localizado na esquina da Av. Brigadeiro Faria Lima com a Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, que teve suas obras iniciadas neste trimestre e cuja projeção de entrega aponta para 2026.
A divisão de locação residencial e de clubes ficou em segundo lugar nesse “pódio”, ao atrair um aporte de R$ 54,3 milhões. Com um portfólio de 64 unidades e 27,2 mil metros quadrados para locação, a JHSF Residences receberá novos ativos – são 142 unidades em desenvolvimento – no curto prazo.
O mesmo acontece com os clubes. Aqui, as novidades no horizonte são o São Paulo Surf Club e o Fasano Club, ambos com obras avançadas, sendo o primeiro previsto para ser inaugurado no primeiro semestre de 2025 e o segundo ainda em 2024.
Já a área de hospitalidade e gastronomia prevê inaugurações do Boa Vista Surf Lodge, em Porto Feliz, e de um novo hotel Fasano no Reserva Cidade Jardim, zona oeste de São Paulo. Mas é fora do País que a onda de crescimento dessa unidade parece mais forte.
No trimestre, a JHSF desembarcou em Cascais, Portugal, em uma dobradinha com o BTG Pactual, e na Sardenha, Itália. Nos dois projetos, a marca usada será Fasano. O primeiro irá mesclar serviços de hotel e 96 residências, com previsão de ficar pronto entre o fim de 2027 e o primeiro semestre de 2028.
A chegada à Sardenha, por sua vez, foi viabilizada pela aquisição do controle na Tavolara, numa iniciativa que irá envolver 60 quartos e suítes, e, além dos serviços hoteleiros, incluirá da venda de 30 terrenos com vilas exclusivas e vista para o mar, entre outros atrativos.
Há outros empreendimentos já em operação, como Nova York, e outros em fase de construção, em cidades como Miami, Londres e Flórida. Ao todo, esse portfólio envolve 15 empreendimentos, sendo nove no Brasil e seis no exterior – o plano, no médio prazo, é chegar a 20 cidades fora do País.
“Seguimos desenvolvendo projetos no Brasil, mas começamos a olhar mais também para outros destinos para onde conseguimos levar os nossos produtos, e não só para brasileiros”, diz Martins. “No Fasano Nova York, por exemplo, a maioria dos clientes é estrangeira.”
Quem também está decolando nesse percurso é o São Paulo Catarina Aeroporto Executivo Internacional, que, após uma expansão recente, já tem um novo projeto de ampliação aprovado. Agora, de 12 para 16 hangares. “Estamos com fila de espera para novas aeronaves”, diz Martins.
Complementando o bloco de renda recorrente, a JHSF Capital captou, no trimestre, £ 66 milhões para o fundo voltado ao desenvolvimento do Hotel Fasano Londres e alcançou no período o volume de R$ 2,3 bilhões de ativos sob gestão, contra R$ 1,7 bilhão no segundo trimestre de 2024.
O balanço da renda recorrente
Os negócios de renda recorrente foram destaque também no balanço do terceiro trimestre de 2024 da JHSF. No período, o lucro líquido total do grupo teve alta de 20,9%, para R$ 140 milhões. Mas a receita líquida recuou 4,6%, para R$ 373,3 milhões, e o Ebitda ajustado caiu 14,2%, para R$ 148,8 milhões.
Já o lucro líquido do braço de renda recorrente cresceu 59%, para R$ 163,4 milhões, enquanto a receita líquida da divisão teve um salto de 17,6% para R$ 245,8 milhões, e o Ebitda ajustado avançou 18,9%, para R$ 115,9 milhões.
Essas operações ajudaram a compensar a queda de 50,5% no lucro líquido do negócio de incorporação, para R$ 35 milhões. Assim como os recuos de 30,3%, na receita líquida, para R$ 117,5 milhões, e de 42,8% no Ebitda ajustado, para R$ 49,7 milhões.
No saldo entre as duas divisões, Martins destacou os avanços da operação em termos de estrutura de capital, frente em que o grupo tem mesclado captações no mercado com a reciclagem de recursos, por meio da venda de participações minoritárias em projetos que já superam R$ 500 milhões no ano.
Os movimentos mais recentes vieram na semana passada. A JHSF captou R$ 600 milhões com a emissão de debêntures – o grupo já havia levantando R$ 700 milhões, no trimestre anterior, e concluiu a venda de 32,5% da operação responsável pelo projeto Multiuso Shops Faria Lima para o fundo XP Malls.
“Nós elevamos o prazo médio de endividamento da empresa para mais de seis anos e trouxemos uma estrutura melhor para cerca de 90% da nossa dívida atual”, diz Martins. “Agora, já estamos começando a olhar para os vencimentos de 2025 e 2026.”
A JHSF encerrou o trimestre com uma dívida líquida de R$ 1,23 bilhão, 9,5% superior ao montante do segundo trimestre de 2024. Na mesma base de comparação, a alavancagem da operação saiu de 1,56 vez para 1,73 vez.
As ações da JHSF fecharam as negociações da quinta-feira, 14 de novembro, cotadas a R$ 4,45, exatamente o mesmo patamar do pregão anterior. No ano, os papéis têm uma desvalorização de 20,1% e o grupo está avaliado em R$ 3 bilhões.