A primeira metade da década de 2020 foi marcada por um forte desempenho do mercado de ações e das economias globais. Mesmo com a pandemia de Covid-19, guerras no Oriente Médio e na Ucrânia e alta dos juros, os mercados globais cresceram cerca de 50%, o PIB nominal dos Estados Unidos avançou mais de 30% e os lucros das companhias americanas avançaram quase 70%.
A situação fez muitos batizarem esse período de Roaring 20, traçando um paralelo com a década de 1920, quando o mundo vivia um momento de efervescência nas principais metrópoles.
Olhando para a segunda metade da década, algumas incertezas aparecem no horizonte. A principal delas é a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, que traz consigo promessas de tarifas de importação e posicionamento duro a respeito da imigração.
Apesar disso, o UBS Wealth Management (UBS WM) avalia que o “show deve continuar”, com os mercados seguindo fortes em 2025, principalmente as ações americanas – Brasil e América Latina não são contemplados no estudo.
“Com os mercados impulsionados pela queda das taxas de juros, crescimento econômico robusto e inovações [tecnológicas] transformadoras, nós esperamos que o S&P 500 alcance 6,6 mil pontos ao fim de 2025, um avanço de 10% em relação aos níveis atuais”, diz trecho do relatório da área de gestão de fortunas do banco suíço, que conta com cerca de US$ 3 trilhões em ativos sob gestão.
Ele destaca que os planos de cortes de impostos e desregulamentação ventilados pela equipe de Trump podem também oferecer um suporte para o mercado americano, ainda que a economia dos Estados Unidos registre desaceleração – o UBS WM projeta um crescimento perto de 2% no ano que vem, abaixo da alta de 2,7% esperada para 2024.
Se implementadas, as tarifas de importação devem resultar em volatilidade nos mercados europeus e da China, mas o UBS WM destaca que elas não deveriam ofuscar completamente os mercados fora dos Estados Unidos.
“Vemos valor em manter uma exposição diversificada na Ásia, excluindo o Japão”, diz trecho do relatório. “As exportações da Coreia do Sul e de Taiwan, cruciais para as cadeias globais de suprimentos, devem ser pouco afetadas pelas tarifas, considerando sua natureza de difícil substituição.”
A Índia também é vista como uma boa oportunidade de investimento, por conta das perspectivas apresentadas pela economia, com crescimento de 6,3% no ano que vem, que será puxado pelo mercado doméstico.
Mesmo sendo o principal alvo das tarifas americanas, que podem atingir até 60% no pior dos cenários, a China apresenta oportunidades, ainda que o crescimento não seja mais o mesmo de outros tempos. Para o UBS WM, a economia deve ser sustentada pelas políticas de estímulo do governo para lidar com o elevado endividamento, além das promessas do governo de implementar novos estímulos.
O UBS WM vê as ações de valor e de perfil mais defensivo se destacando, como nomes financeiros, utilities, energia e telecom. “Correções em nomes ligados à internet podem resultar em bons pontos de entrada para os investidores dispostos a segurar [as ações] por vários anos”, diz trecho do relatório.
O relatório também traz recomendações para a renda fixa. Com os bancos centrais cortando juros, a recomendação é buscar títulos com grau de investimento, que devem oferecer retornos atrativos neste cenário.
“Os fundamentos corporativos estão robustos, com a qualidade de crédito podendo ter uma deterioração limitada”, diz trecho do relatório. “E prevemos que o ciclo global de redução das taxas contribuirá para aspectos técnicos e fluxos de investidores, ajudando os spreads de crédito a permanecerem reduzidos.”
Se o tom, de maneira geral, é positivo, o UBS WM diz que o ouro deve permanecer em alta. Visto como um hedge no mercado, a commodity deve continuar em alta, considerando que os riscos permanecem, incluindo conflitos geopolíticos e a situação fiscal de muitos países avançados, incluindo os Estados Unidos.
“Nós mantemos nossa projeção de US$ 2,9 mil a onça ao final de 2025 e continuamos a recomendar uma alocação de cerca de 5% para diversificação”, diz trecho do relatório.