Patria vai até a XP para captar fundo de venture capital de R$ 150 milhões

Patria vai até a XP para captar fundo de venture capital de R$ 150 milhões


Enquanto levanta recursos para o seu quarto fundo de venture capital, o Patria Investimentos anunciou nesta terça-feira, 26 de novembro, uma oferta com a XP Investimentos para arrecadar inicialmente R$ 150 milhões com os clientes da plataforma que desejam ter uma exposição a esse tipo de investimento.

A captação será feita por meio de um veículo batizado de Patria Igah Blend, cujos recursos irão abastecer, primordialmente, o fundo quatro da gestora, previsto para alcançar um volume total de US$ 150 milhões. Uma parcela menor será destinada ao fundo três da vertical de venture capital do Patria, comandada por Pedro Melzer, fundador da Igah Ventures, adquirida pela gestora em dezembro de 2022.

“Essa operação nasceu de um entendimento do Patria e da XP com seus escritórios de assessores de que, apesar do momento desafiador do mercado de venture capital para captar, existe um contexto favorável para investir em venture capital agora”, diz Melzer, ao NeoFeed. “Entendemos que a classe de ativos de venture capital não pode deixar de ser mostrada para os investidores.”

O veículo estruturado na dobradinha Patria e XP é aberto e permite investimentos de R$ 10 mil e de R$ 500 mil, com um target de cerca de 30% ao ano de taxa interna de retorno (TIR). O prazo do fundo é de oito anos, prorrogáveis por até dois anos.

Para atrair investidores menos familiarizados com o mundo de venture capital, Melzer aposta no track record que a Igah trouxe ao Patria. Com mais de dez anos de existência, a gestora já fez 48 investimentos e 18 saídas em seus três fundos. Melzer diz que mantém uma postura fundamentalista, com cuidado a respeito dos economics das empresas.

Outro ponto é o fato de o veículo de investimento contar com o apoio do fundo três, visto como um “mitigador” de risco por estar performando – cerca de um terço dos recursos da oferta serão destinados a esse fundo, enquanto o restante irá para o fundo quatro.

Com cinco anos de existência, o fundo três investiu em nomes como Avenue, unico e CRMBonus, registrando uma TIR bruta em torno de 33% ao ano em reais.

Fundo 4

O lançamento do veículo de investimento compõe a estratégia do Patria para levantar recursos para o fundo quatro. Segundo Melzer, a captação deve ser concluída até o primeiro trimestre de 2025, contando com a participação de investidores que vieram do fundo três, de investidores da base do Patria e fund of funds (FoF) internacionais.

Pedro Melzer, sócio-fundador da Igah Ventures e partner do Patria

O plano é que o fundo siga a filosofia que vem sendo aplicada pelos outros fundos. Os cheques devem variar de US$ 1 milhão a US$ 20 milhões, com um portfólio de 12 a 20 empresas.

Apesar de ainda estar em processo de captação, o Patria já fez um primeiro investimento com recursos do fundo quatro. A gestora realizou um aporte de R$ 11 milhões na Liqi, companhia de tokenização de ativos, em agosto.

“Estamos com um pipeline bastante intenso, olhando soluções de clima, biotecnologia para tratar poluição, muita coisa de serviço financeiro, de infraestrutura para fundos, além dos segmentos que a gente sempre gosta, serviços financeiros, verticais de software, saúde e também olhamos para coisas interessantes em áreas como varejo, cibersegurança, algo de construção civil”, diz Melzer.

Sobre o tema do momento, a inteligência artificial, Melzer diz que o portfólio tem um olhar apurado para essa tecnologia, algo que deve se manter no fundo quatro, buscando companhia em que a IA é o core da atividade ou a aplica para criação de soluções.

O fundo quatro está sendo levantado num momento de mercado mais favorável, com valuations menos esticados e um ambiente mais “profissional”, em contraste com o forte êxtase vistos até 2021, quando a liquidez abundante inflou muitos negócios e alavancou muitas empresas pouco sustentáveis economicamente. Ainda assim, o caminho não é tão simples quanto antes com o Igah.

“No patamar de juros que estamos, e com a flecha para cima, além do volume aportado nos anos anteriores, é natural que o investidor pessoa física fique com uma certa timidez no Brasil, principalmente os family offices que investiram bastante”, diz Melzer. “O que estamos vendo são os grandes alocadores mundiais querendo ter relações intensas com gestores experientes.”





Fonte: Neofeed

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