Por que as criptomoedas estão ganhando espaço no portfólio de grandes investidores?

Por que as criptomoedas estão ganhando espaço no portfólio de grandes investidores?


Os últimos dois anos foram “ricos” para o bitcoin. A criptomoeda acumulou valorização perto de 150% em 2023 e de pouco mais de 120% no ano passado. E há motivos para acreditar que essa supervalorização é diferente de outras que já ocorreram, fazendo o bitcoin entrar de vez nos portfólios dos investidores.

O primeiro motivo foi o sinal verde da Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários americana) para a criação de ETFs de criptoativos. A partir daí, as maiores gestoras globais, como BlackRock e Franklim Templeton, apostaram nesse lançamento, o que ajudou a atrair outros investidores institucionais.

“O ano passado foi um marco e agora teremos cada vez mais a integração do mercado tradicional com esse novo nativo digital. Desde a permissão da SEC temos tido um interesse recorde de investidores institucionais e fundos de pensão já começaram a alocar”, afirma Samir Kerbage, CIO da Hashdex, no Wealth Point.

O discurso de Donald Trump pró-criptomoedas, que reuni uma equipe no governo com a mesma visão, mostra que o caminho será a regulação e adoção do bitcoin como reserva de valor.

“Trump vê uma grande ineficiência em meios de pagamento nos EUA, com intermediários que roubam recursos. E vê os criptoativos como um propulsor de produtividade. Ele quer trazer a tecnologia para dentro dos EUA, o que deve fomentar e regular essa indústria. Esse parece ser um caminho sem volta”, afirma João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão.

Trump não está sozinho para fomentar essa indústria e fazer a regulação. O Congresso americano nessa eleição virou majoritariamente pró-cripto.

“Isso é resultado de alguns anos de ceticismo do Congresso, de resistência e de organização da própria indústria de cripto nos Estados Unidos, que estava basicamente sendo expulsa de lá. Então, o fato de ter um Congresso pró-cripto vai permitir com que muitas agendas que não dependem só do presidente sejam desbloqueadas”, diz Kerbage.

O impacto esperado dessa regulação é o uso do bitcoin como reserva estratégica, o desenvolvimento do mercado de stablecoins, permitindo os pagamentos em outras economias, e o surgimento de mais empresas americanas no setor. Antes, companhias que quisessem inovar na área tinham que abrir o negócio em um local regulado, como países da Europa, onde a inovação é mais lenta.

A despeito da dinâmica do mercado e da política em torno do mundo cripto, o bitcoin também está amadurecendo dentro de sua estrutura. Em 2024, houve um novo halving, nome dado ao evento que ocorre mais ou menos a cada quatro anos em que a mineração passa a cair pela metade. Isso faz com que a moeda fique cada vez mais estável, o que favorece estratégias de investimentos.

Para Piccioni, da Empiricus Gestão, depois de a classe ter sido ignorada por anos pelos investidores institucionais, a partir dessas mudanças, a aceitação está mais clara. E a recomendação dele é que aqueles que ainda têm dúvidas sobre o ativo devem buscar informação.

“Alguns dizem que não investem porque não entendem, eu digo que está na hora de entender. Porque daqui a 10 anos talvez essa seja a única classe a gerar retornos em excesso nos portfólios”, afirma Piccioni. “Acho que o investidor local já deveria pensar numa construção de longo prazo em bitcoin.”

O tamanho da alocação depende do perfil de investimento (lembrando que essa é uma classe de ativos de risco). A recomendação dos especialistas é que seja adotado principalmente por quem já tem experiencia com renda variável e que de fato tenha um horizonte de investimento de longo prazo.

“O que vemos de estudos é que uma alocação de 1% a 5% melhora o retorno ajustado ao risco dos portfólios, trazendo um ganho descorrelacionado e sem tirar o sono do investidor pela sua volatilidade”, afirma Kerbage, da Hashdex.

Mas enquanto o bitcoin é visto como uma reserva de valor, as demais criptomoedas tem outro racional e não devem ser investidas sozinhas. O ideal é estar em ETFs, em fundos de gestão ativa ou em uma cesta delas, diversificando o risco para o que vai dar certo e não ao longo do tempo.

Na visão dos dois CIOs, haverá cada vez mais gestoras entrando nesse mercado, abrindo um leque maior de opções de investimento e liquidez para os investidores.



Fonte: Neofeed

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