Vizinhos, ainda preciso de vocês!

Vizinhos, ainda preciso de vocês!


O presidente ucraniano Volodymir Zelensky visitou pela segunda vez desde que houve a troca de governo, o premiê britânico Keir Starmer, iniciando mais um tour por países europeus. Responsável por mais de 12 bilhões de dólares em ajuda militar e humanitária para a Ucrânia, o Reino Unido se destaca como um dos principais aliados europeus de Kiev em uma guerra prolongada e que alcançará em breve seu terceiro inverno. Após múltiplas visitas aos Estados Unidos e recepções formais a Biden e Blinken, Zelensky parece cada vez mais compreender que a chance de começar 2025 com dezenas de bilhões de dólares a menos é a mesma que o lançar de uma moeda.

Durante esses dois anos e meio de conflito no leste europeu, os Estados Unidos se destacaram como os maiores apoiadores da resistência ucraniana, enviando até o presente momento mais de 75 bilhões de dólares em armamentos ajuda financeira para a manutenção do governo e ajuda humanitária. O empenho dos democratas em continuar aprovando os fundos necessários para uma reviravolta no fronte, contrasta com uma visão cada vez mais defendida por congressistas e senadores republicanos, de que o contribuinte americano não poderá financiar essa guerra ad eternum.

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O ex-presidente e atual candidato à Casa Branca, Donald Trump, em seus discursos enérgicos prometeu acabar com a guerra da Ucrânia em 24 horas caso eleito, destacando sempre sua boa amizade com o presidente russo, Vladmir Putin. Por mais que as falas de Trump tenham um caráter totalmente eleitoreiro e suas promessas pareçam utópicas, a mensagem que lemos nas entrelinhas é bastante clara.

Caso vença as eleições do próximo 05 de novembro, o novo governo americano diminuiria consideravelmente sua ajuda à Ucrânia, obrigando automaticamente o presidente Zelensky a seguir para uma solução negociada, na qual teria que abrir mão de parte expressiva de seu território. Considerando que muitas pesquisas em estados pêndulo, como o Michigan, Pensilvânia e Nevada mostram um empate técnico de Trump e Harris dentro da margem de erro, Zelensky cada dia mais tem consciência que precisará de um plano B robusto, caso não haja a manutenção de um presidente democrata.

Exatamente nesse sentido, países como Reino Unido, França e Alemanha se tornariam os maiores credores do exército de Kiev, passando de aliados secundários à única opção restante aos ucranianos. Essa nova visita de Zelensky a Londres, busca não apenas estreitar os já próximos laços de amizade com o primeiro-ministro trabalhista, mas também advogar por uma estratégia ousada e ao mesmo tempo perigosa: utilizar os armamentos da OTAN, principalmente os caças enviados, para atacar o território russo.

O Kremlin já repetiu inúmeras vezes através do chanceler Sergei Lavrov ou do porta-voz Dimitri Peskov, que caso isso aconteça, os russos interpretarão os países que enviaram as armas como coparticipes no ataque, e os mesmos estariam sujeitos a retaliações. Se a fundação da União Europeia, o estabelecimento da OTAN, o robustecimento da diplomacia mundial conseguiramevitara uma nova guerra generalizada na Europa durante toda a Guerra Fria, o conflito regional no leste europeu parece desta vez querer quebrar esse período de paz tão duradouro entre antigos inimigos.

Além do Reino Unido, Zelensky visitará também a França e a Itália essa semana, na expectativa de angariar mais fundos, equipamentos e munições para um futuro próximo. Em menos de um mês, não apenas o futuro da América estará selado pelos próximos 4 anos, mas também o futuro da Ucrânia. Independentemente da vitória de Trump ou a vitória de Harris, Zelensky com cada vez mais frequência precisará lembrar seus vizinhos que ainda precisa de ajuda, apesar da fadiga em Bruxelas, Londres, Paris e Berlim.



Fonte: Jovem Pan

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