Extrema direita mostra força nas eleições do Parlamento Europeu, mas não altera formação política

Extrema direita mostra força nas eleições do Parlamento Europeu, mas não altera formação política


Escolha dos 720 deputados abre um novo ciclo no bloco, e os novos legisladores designarão o novo presidente da Comissão Europeia

Theo Rouby / AFPeleição parlamente europeu
Residente do distrito de Magenta vota nos Ecologistas da França, anteriormente conhecido como o principal candidato às eleições para o Parlamento Europeu do partido Europe-Ecologie-Les Verts (EELV)

O resultado parcial das eleições para o Parlamento Europeu geraram uma movimentação na Europa, isso porque a extrema direita mostrou suas forças e ganhou, por exemplo, na França. Embora não tenha alterado os equilíbrios de poder em Bruxelas, fez com que o presidente francês, Emmanuel Macron, dissolvesse a Assembleia Nacional e convocasse eleições legislativas para o dia 30 de junho, o primeiro turno, e 7 de julho, em um possível segundo turno. Nunca antes as eleições europeias tiveram um impacto tão devastador na política doméstica de um país do bloco. A escolha dos 720 deputados do Parlamento Europeu abre um novo ciclo na União Europeia, e os novos legisladores designarão o novo presidente da Comissão Europeia, o braço executivo do bloco. Segundo projeções divulgada, mesmo com o avanço da extrema direita, a soma dos conservadores moderados, dos social-democratas e dos centristas liberais continuará sendo majoritária, em um grande bloco de 389 assentos onde se formam os compromissos fundamentais em matéria legislativa. O Partido Popular Europeu (PPE, direita) continuaria como a principal força política, com 181 assentos; os social-democratas alcançariam 135 e os liberais do Renew, 82; formando um grande bloco de 389 cadeiras.

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Na Alemanha, a maior economia da UE, o partido social-democrata do chefe de governo, Olaf Scholz, obteve o pior resultado de sua história e ficou em terceiro lugar. Foi superado pelos conservadores e ficou atrás da direita e da extrema direita, de acordo com pesquisas de boca de urna. A Alemanha é o país com o maior número de eurodeputados, com 96, seguido por França (81), Itália (76) e Espanha (61). Segundo análises realizadas para os canais de televisão pública ARD e ZDF, o SPD de Scholz obteve 14% dos votos, enquanto os conservadores (CDU e CSU) ficaram em primeiro lugar com entre 29,5% e 30% e a extrema direita AfD obteve a segunda colocação com entre 16% e 16,5%. Os aliados de coligação de Scholz também se saíram mal: os ambientalistas Verdes registraram apenas entre 12% e 12,5% e o liberal FDP, 5%.

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Se estas projeções forem confirmadas pelas pesquisas, o resultado das eleições europeias aumentaria a pressão sobre a coligação de Scholz meses antes das eleições regionais na Alemanha, onde se prevê a vitória da AfD no leste do país. Na Itália, entretanto, as pesquisas de boca de urna – que têm uma ampla margem de erro – indicam que o partido pós-fascista Irmãos da Itália, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, estava na liderança com entre 25% e 31% dos votos. A Áustria também mostra vitória do partido de extrema direita FPO na liderança, com aproximadamente 27% dos votos. Na Hungria, as projeções indicavam um resultado sólido da extrema direita. Na Espanha, por outro lado, os conservadores do Partido Popular (PP) estavam ligeiramente à à frente do Partido Socialista (PSOE) do primeiro-ministro Pedro Sánchez. De acordo com a pesquisa de boca de urna, realizada para a televisão pública TVE entre 24 de maio e sábado, o PP obterá entre 21 e 23 assentos (32,4% dos votos), à frente dos socialistas, com 20 a 22 assentos (30,2% dos votos).  Já o partido de extrema direita Vox ficou em terceiro lugar com seis eurodeputados.

Com 38 milhões de cidadãos com direito a voto nestas eleições, a Espanha elege 61 dos 720 deputados do Parlamento Europeu. É o quarto dos 27 países que formam o bloco em número de representantes. Esta é a quinta vez que a Espanha participa das eleições europeias desde que o país ingressou na União Europeia em 1986. Em Portugal, a coalizão governamental de direita moderada e a oposição socialista ficaram basicamente empatados nas eleições europeias. As listas da coalizão governamental liderada por um jornalista de 28 anos, Sebastião Bugalho, e da socialista Marta Temido, ex-ministra da Saúde durante a pandemia de covid-19, obtiveram ambas cerca de 30% dos votos, segundo as três projeções divulgadas pelas televisões nacionais. A extrema dirieta, por sua vez, obteve menos votos do que nas legislativas de março, segundo as pesquisas de boca de urna. De acordo com essas sondagens, o partido de extrema direita português Chega! ficaria em torno de 10%, em comparação com os 18% que obteve em março, que colocar fim a oito anos de governo socialista.

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A ultradireita também avançou na Bélgica. O maior partido de extrema direita da Bélgica obteve resultados piores do que o esperado. De acordo com as pesquisas de boca de urna, o partido de extrema direita Vlaams Belang conquistou cerca de 22% dos votos em Flandres. Porém, os conservadores do N-VA teriam obtido 25% dos votos. A Bélgica demorou 493 dias para formar um governo de coalizão após as eleições de 2019. Com o aumento do apoio à extrema direita em Flandres e o avanço da esquerda na Valônia, há receios de que esta situação se repita ou que o recorde estabelecido entre 2010 e 2011, quando os políticos demoraram 541 dias para formar um governo, possa até ser superado. Os búlgaros também optaram pelos conservadores nas eleições. Diante da queda do apoio a uma coalizão reformista, o partido conservador Gerb, do ex-primeiro-ministro Boiko Borisov, obteve entre 26 e 28% dos votos no país mais pobre da União Europeia.

Apesar do destaque para a direita, alguns partidos de esquerda também se destacaram nas eleições deste domingo. Eles avançaram nos avançaram nos países nórdicos, onde a extrema direita retrocedeu. Na Finlândia, o partido de esquerda Aliança obteve um avanço espetacular com 17,3% dos votos, quatro pontos a mais do que em 2019, segundo resultados baseados na apuração de 99% das cédulas. Assim, o partido conquistará 3 dos 15 assentos reservados à Finlândia no Parlamento Europeu, em comparação com apenas um nas eleições anteriores. O Partido dos Finlandeses, de extrema direita e membro da coalizão governamental, caiu para 7,6%. Na Suécia, o Partido de Esquerda sueco também subiu 4 pontos percentuais, para 10,7%, enquanto os Democratas Suecos, de extrema direita, caíram 1,4 pontos, para 13,9%. Os sociais-democratas suecos mantêm sua posição e permanecem na liderança com 23,1%.  Na Dinamarca, em um cenário político muito fragmentado, o Partido Popular Socialista lidera e sobe 5,2 pontos em relação a 2019, com 18,4%, segundo uma pesquisa de boca de urna do canal público DR. O Partido Social-Democrata, que lidera a coalizão governamental, recua para 15,4%.

*Com informações das agências internacionais 





Fonte: Jovem Pan

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