A fusão da Nissan com a Honda, que criaria a terceira maior montadora de veículos do mundo, foi por água abaixo. Após negociações desde o fim do ano passado, o conselho de administração da Nissan chegou à conclusão que os termos da fusão são inaceitáveis.
As informações vêm de jornais internacionais citando fontes a par do assunto. A Nissan e a Honda informaram, em declarações separadas, que as informações não foram anunciadas pelas empresas e que pretendem finalizar a direção da negociação até meados de fevereiro e anunciá-la nessa altura.
Mas a Nissan afirmou em seu comunicado que apesar de não haver nada definido ainda, o cancelamento da fusão é uma das opções discutidas.
O fim do acordo que criaria uma empresa de US$ 60 bilhões em valor de mercado levanta novas questões sobre como a Nissan, que está no meio de um plano de recuperação e pretende cortar 9 mil funcionários e 20% da sua capacidade global, poderá enfrentar sua crise sem ajuda externa.
O mercado financeiro está digerindo a notícia, com as ações da Nissan caindo mais de 4% e as da Honda subindo mais de 8%, mostrando que os investidores não estavam aprovando a fusão com a montadora em apuros.
O motivo da mudança seria uma reviravolta na estrutura da empresa resultante da fusão. Em 23 de dezembro, as duas montadoras japonesas disseram que planejavam se unir sob uma estrutura na qual Honda e Nissan seriam subsidiárias de uma única holding, criando a terceira maior montadora do mundo em vendas de veículos, incluindo a Mitsubishi Motors, cujo maior acionista é a Nissan.
Na época, o CEO da Honda, Toshihiro Mibe, afirmou que a fusão não era um resgate da Nissan, mas sim um reconhecimento de que o desenvolvimento de novas tecnologias tornou-se difícil de ser realizado individualmente e que era preciso se unir para competir.
O mercado automobilístico tem sido cada vez mais dominado pelos fabricantes da China, que superaram os do Japão como maior exportador de automóveis do mundo em número de veículos.
Nos últimos dias, no entanto, a Honda apresentou uma nova proposta que tornaria a Nissan uma subsidiária da Honda, em vez da estrutura mais igualitária originalmente planejada. A Nissan considerou a nova proposta inaceitável e irá rejeitá-la por ser diferente do discutido originalmente.
O plano inicial de fusão já tinha gerado ceticismo no mercado. As duas montadoras dependem fortemente dos consumidores americanos e fabricam veículos semelhantes para esse mercado.
Na ocasião do anúncio da fusão, ambas disseram que economizariam custos usando designs de veículos comuns e comprando peças em conjunto, mas não especificaram como a empresa combinada simplificaria suas operações nos EUA.
Outro motivo de dúvida é devido às diferentes culturas corporativas na Honda e na Nissan. Os líderes da Honda geralmente são engenheiros, enquanto a Nissan favorece os graduados da prestigiada Universidade de Tóquio e os seus principais cargos foram frequentemente atribuídos a líderes de vendas.
A Honda, cujo valor de mercado é de cerca de 7,92 trilhões de ienes (US$ 51,90 bilhões) é mais de cinco vezes maior que o da Nissan, que está em recuperação judicial.
No semestre fiscal finalizado em setembro, a Nissan registrou uma queda de US$ 540,93 milhões na sua receita, com o lucro operacional reduzindo US$ 2,08 bilhões no período.
A Honda teria ficado bastante preocupada com a capacidade de progresso da rival, e não quer deixar de o controle da operação.
E as medidas tarifárias de Donald Trump aumentaram ainda mais a diferença entre as empresas, já que a taxação de importados de 25% no México afetam mais a Nissan do que a Honda e a Toyota.
Na visão de analistas, sem a Honda, a Nissan precisará buscar se juntar com empresas estrangeiras, já que não há mais candidatos japoneses que possam de fato resolver o seu problema.